quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Compaixão

O peregrino no deserto gélido
Entre as corcóvas de um camelo
Ninado, num vai e vem incessante
Mergulhou numa miragem fidedigna
[impactante]

Viu-se envolto na corrente do progresso
De mãos atadas, cansadas e punho cerrado
Marchou com o exército de águias migratórias
Na capital Esmo, lá, no reino Capitalismo
[Luta predatória]

Muitos bicos, pouca garra
Ferro, farra, faces dúbias
Raso o riacho que irrigava
O que era reto, viam curvas
[curva de rio]

Atalho era a bússula,o gps
Assola, o rumo tomado,caminhozinho
Embaralhou-se todo o peregrino
Deu uma ponta na areia movediça
[estresse]

Estrupiado, com estrepe no couro
Pinçava com um cacto seu corpo
Sentiu alegria na dor cadavérica
Acordou com febre, suado, mas vivo
[com uma visão hermética]

Voltou seus olhos para a cidade
passou a devolver vida aos zumbis dos gaviões

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