sábado, 21 de novembro de 2009

Amor

Sob a esfera de um olhar sereno
O mundo se difunde em cores
Enlamaçado, caído do horizonte
Debruçado no ensaboado
[labirinto]


Estrela cadente desaparece
Antes do céu, do sol nascente
Antes que se analise um deslize
Em seu brilho ela esconde

Uma sacola entupida de espinhos
E um delírio escorrendo da lente
[do telescópio]
Que brilha ofuscando os olhos
Dos observadores mais experientes

Balançando os pés numa ponte
E vislumbrando novas teses
Olhando na água corrente
E deleitando num mundo
[que não acorrente]

Sob a esfera de um olhar
Apavorado, saído da caverna
Brota o arco íris na tela
Um puro sangue, uma nova cela.

Galopando na pastagem
Desviando dos tropeços
Sem titubear no comando
Do cavalo selvagem

Escorado em um novo rumo
Onde os passos são retos
E os laços são ternos
O tecido do abraço puro
[linho fino]

Amor sem troca, sem nota
Sem cara, nem fala
Amor que cala e consente
Perdoa, amor latente

Que dá brilho ao olhar, que é fonte eterna
De vida, é rota da trilha, pisar nas nuvens

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Diamante bruto.

Debruçado no parapeito da vida
Mínúcias vívidas e fantasia
Pedalo no corredor vivido
Passo a passo, passa tempo

Agarro na madeixa comprida
Comprimida em um frasco
[perfumado]
Laço na mão do futuro
Lançado pelo passado
[passo e passa ]
A vida é puro aprendizado

Vida moída encarnada
Leve e solto o espírito
Na corrente benevolente
Num mundo beligerante

Bela vida e despedida
Entrada agraciada
Triunfal a partida
Se ponderada a passada

Vida viva enaltecida
Numa luz emplacentada
Choro e berro a liberdade
Cativa e cultivada

Galopa a passarada
Gravita enluarada
Vida, ida, ferida
Jogo sem carta marcada

Vida volta curada
Carrosel do aprendiz
No novo rumo, virada
Gira ao avesso que fiz

O caminho no escuro atravessado
Nova vida que reparto comigo
Num banquete solitário
Um querer embrionário

Binária e sequente
A vida é semente
E se mente mata
Se mata, pasta

Vida, presente
Diamante
[bruto]
Incessantemente
[lapidado]

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Sonhos que Voam.

As dúvidas são labirintos
A certeza absoluta é altiva
A fé, a plenitude no caminho
O vinho, o sangue que purifica

A dor é a inconstância dos sentidos
A releitura da vida é a busca do saber
O sabor de aprender é tão divino
Quanto o caviar mais raro e fino
[Crescer é tecer]

Teias que não aprisionam presas
Mas as fazem desfrutar da honra
De estar presente no universo da relva
Do orvalho, da montanha, da chuva
[do sol desatrelado do anzol]

Dos ventos fortes que remetem
Liberdade de deixar esvoaçar os sonhos
Nessa cabeça repleta de fios desencapados
Recebendo desde a água do batismo

Choques que revitalizam o espírito.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Caris (latim: o bom cuidado, a boa proteção)

Sob a esfera de um olhar sombrio
Clínico e cínico.Sobrevoava.
A multidão, num mar naufragava.
Braçadas embaraçadas.Rumo ao nada
[um navio.]

Cruzava os mares dos piratas
Ancorou numa terra de ninguém
Ouro, prata, rubi.Sucatas.
Amor, compaixão e fantasmas
[desdém]

Riqueza é ter a alma na palma
O aplauso da platéia aprisionada
Na liberdade do interior aconchegante
Debruço o meu olhar, vesgo, espumante.

Borbulhantes vejo sonhos brilhantes
Sombreados pela esteira mundana e naufragada
Foco na luz o meu propósito.Num razante
Lanço as bóias, as cordas, os botes
[uma escada flutuante]