sexta-feira, 20 de agosto de 2010

A vida

Voa a vida nas barbas do tempo
Corre descalça no chão vermelho
No bangalo de terra batida e ar puro
No coração selvagem uma luz invadira
[Aquele escuro]

Num beijo com sabor de arco-íris
E o pé na porta da cabana
Com a guerreira no colo adentrara
O assovio do vento na janela
O por do sol efervervescente
Eram parte do cenário
O assovio do canário
E o explodir contido e bonito
da cachoeira ao abraçar as rochas

Magnésio puro a sua pele de seda lisa
Mergulho fundo no sabor da sua fala
Aprendo muito e sou ouvido com respeito
De quem respeita e ecuta

Amor puro e papo reto
Na rede ao sabor do vento um passarinho
Diz tic-tac, tic tac a todo o tempo
O momento na rede balanço sorrindo
Voltando para esse segundo vivo.
Segundo vivo, segundo vivo, seguyindo vivo
Pasa o trem atras do monte.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Alvo

Daqui do vale avisto o céu
A cidade invadida
Daqui do céu desfaço o véu
Sondo as passadas

No revéz do ser a natureza de homem no anzol
[presa em si mesmo]
A imagem no espelho brilha ao sabor do sol
Que escurece logo que a noite é estrela
[brilha nos becos]
No espelho a imagem esvanesce como fumaça

Confuso como o vento em espiral
Soprando para longe folhas secas
Sementes, brotos novos nos braços
Do destino que leva longe as telhas
[molha a roupa no varal]

E seca as enchentes num calor escaldante
que dá sabor a qualquer praia, ilumina a cruz
Que faz das orquídeas uma filha que come luz
Destino que monta os quebra-cabeças
[num vai e vem incessante]

Destino são as ondas do mar que trazem as cartas
enrroladas em garrafas de náufragos, que mostram
o percursso pelas pegadas.Mostra a chegada pela passada
Mostra que o ninho não é o caminho, mas o céu é o alvo.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Além

O muro que escora o tombo
A moral que esconde o ódio
O mel que sai do lábio rasgado
No mar de mil afogados

O polvo e seus abraços dobrados
O povo sugado pelos tentáculos
Do tempo, dos vendavais democráticos
No mar de mil afogados

O barco navega sem vela
No mar de mil afogados
O circo e seus palhaços
Com suas piadas banguelas

Pelas marés, mergulhado no luar da inconstância
Corre o destino que desagua no mar bravo da morte
Enxergarei através do muro implodido e minha alma voará
Além das regras hipotéticas engessadas de hipocrisia
Além da corrente que prende a mente, no calabouço
Além do osso, do orgão, do tecido.Além das curvas
Além muito além da carne, além dessas estradas
Além desse mar de mil afogados.Existe o reino.
No interior de cada um.Pântanos e castelos
Na arte dos reencontros.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Vai astro-rei ilumina na força de sua beleza
e clareia o coração daquela flor
Fiz do verde dela a minha meta, a minha tela
o meu arreio na cela do vento do amor

Vou no mel como abelha ligeira
Na mata escondida, esculpida
pelas mão lisongeiras do criador
como orvalho que escorre no pescoço
e passa liso no espinho do beicinho
Da minha rosa minha flor

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Inversão.

Percebo a sensação, sou enganado
Placebo ao coração disseminado
Vendavais ideológicos arquitetados
Destelham a casa, invadem meu castelo

Os muros são dinamitados
Ladrão da subjetividade
Trajando smoking o sistema
Rouba o tesouro precioso

No lugar da alma põe um chip
O software do conformismo
O povo se alimenta de alpiste
Na gaiola do capitalismo

O glutão comedor de bacon e fast food
Dá risada no picadeiro da globalização
E amanhece com a sobra da boca cheia de formiga
Com o lap top na mão arrancada do corpo
Dentro do carro novo... Explodido
Pelo terrorista salvador da nação]
O filósofo.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Castigo.

Para a sujeira não há disfarce, esconderijo
Para o ladrão não há sujeira, mas há gravata
Para a mentira há roupagens e bravatas
Para a raposa as suas covas e abismos

Para o ódio uma mansão desmoronada
Para o veneno uma boca suicida
Para o xingamento uma lingua afiada
Para o alpinista uma corda arrebentada

Para o rio um curso interrompido
para o mar uma colcha de retalhos
para as matas fumaça de óleo diesel
para os homens o castigo esperado.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Ambiguidade.

Ao entrar pelos olhos a ilusão instalou-se nas profundezas do ser.
A verdade é sentida e só depois confirmada com o olhar.Ela nasce dentro da alma.
Aquilo que é feito para obter algo em troca é falso.Parte de um comportamento original que simplesmente não existe na essência e mascarado quer apenas a recompensa.Pura hipocrisia.A verdade é sustentada por um pilar que invisível é incondicional.Não é aquecida por nada, nem criada por alguém, ela simplesmente é, não nasce de algo, pois ela é por si mesma criada.Verdade é fato sentido e vivido.

Não remarei pelos mares da falsidade
pois nunca serei encontrado
nem saberei quem sou eu
acabarei naufragado no deserto

Num calor escaldante estarei de casaco
derramando na boca da terra seca toda água
toda fonte de vida que me sustenta é verdade
não despediçarei-a nesse deserto das convenções

O mundo e suas marés, ventanias e maremotos
mundo de teatro e faz-de-conta
mundo espetáculo de luzes
mundo de noites intermináveis
mundo que deu a luz, sol a nascer
e se despede para a vinda do mundo novo
mundo, fruta e caroço, aço e cansaço
de flores e seus espinhos
mundo em busca do equilíbrio
em meio a guerra das dualidades.
de geada e orvalho.A horta dos corações está queimada pelos próprios agricultores que plantaram a semente da sacola errada.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Do fim ao começo.

Em ondas hipnóticas flui a evolução
O habitat dessas feras foi colonizado
Piratas saquearam o navio canonizado
Se apossaram sem pudor do coração

Suas armas não são mais espadas, são palavras
São medidas em balanças esquisitas, quebradas
Lançadas as sementes genericamente modificadas
São mentes mentirosas.Mentecaptas.Insandecidas

De forma sutil e mascarada invadem canteiros férteis
Aram a terra e a ferem com suas químicas intácteis
Espantalhos e marionetes trabalham, trabalham, trabalham
Robotizados pisoteiam a vocação e a vida sistematizam

Esses malditos piratas semeiam sonhos
Brotam pesadelos
Semeiam honra
Brota a guerra
Semeiam saúde
Vendem remédios
Semeiam cultura
Vendem idéias
Semeiam Deus
Nascem semideuses
Malditos hipócritas.Generais da discórdia
Detentores de um patriotismo enterrado
Virá sobre vós um raio que cerrará a cortina
Um terremoto, cairá por terra esse palco
E só viverá a essência de cada um.
Portanto, vocês morrerão.Nós então navegaremos
Barcos a vela ao sabor dos ventos
Bateremos as asas tocando a barriga na água
Sem mágoa na fluidez impensável de uma energia pura

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Capitalismo

Sistema que ilude e alaga
auntentica a farsa pura
com uma rúbrica maldita
cifrão carimbado no coração

Teorema, acuidade da ilusão
Esquema. Parábola de um salário
para peixes no aquário
Flecha afiada, armação

Alvejando a natureza
revestida de pureza
[e reação]
Trovão, enchente vomitando no povo
Tremores em brados retumbantes
Revolta do céu ao chão.Renovação

Morre o homem fica a vida
tudo fica, nasce e frutifica
Uma nova semente de um novo sistema
Deve ser implantada e adubada

Nessa esfera de estercos tóxicos
Na ex-terra que a ti pertencia
Antes do bum de Deus ao avesso
Transforme de dentro para fora
[sua ilha]

Pois no céu não há dim-dim
Pois no céu não há bumbum
Pois no céu não tem dim-dom
Nem campainha.Atenda o chamado
Meu irmão!

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Homem derrotado

A hipocrisia parafraseou com o camaleão
pano de fundo da alma, alojou-se camuflada
pavoneando em fantasias transloucadas
numa coversa de zumbis com mortos-vivos

Espada que corta o fio da meada
Escudo de papelão na mão do cavaleiro
Em praça pública pelo moinho execrado
Faces dúbias, degoladas, de mortalha
Caminhava

O destino sentado no canto da vida
debruça seus braços nas coxas
com a mão em concha segura o queixo
de um homem derrotado

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Certo e concreto.

O incerto é concreto mal misturado
Concerto mal orquestrado.Maestro.
A dúvida e suas baquetas na mão
Rege magistralmente a sinfonia
[da confusão]

Dúvida sopra no telhado de palha
Como fios de cabelo caídos
Deixa calvo um sonho.Ferido
Na faculdade mental uma falha
[no peito do bicho]

Bicho-homem e seus instintos
Homem-bicho e seus caprichos
Escolhas, aí está, uma serena palavra
Que não deveria ter plural que lavra
[deveria estar despida de s]
Pelada, como estavam Adão e Eva
E a extinta escudeira.A Obediência